segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A TESE DO COELHO

Num dia lindo e ensolarado, o coelho saiu de sua toca com um caderno, e pôs-se a trabalhar, concentrado. Pouco depois, passou por ali numa raposa e viu aquele suculento coelhinho tão distraído que chegou a salvar. No entanto, ela ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:

- Coelhinho, o que você esta fazendo aí, tão concentrado?

- Estou redigindo a minha tese de doutorado – disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.

- Hummmm... e qual é o tema da sua tese?

- Há, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.

A raposa ficou indignada:

- Ora, isso e ridículo! Nós é que somos os predadores dos coelhos!

- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu lhe mostro minha prova experimental.

O coelho e a raposa entraram na toca. Poucos instantes depois se ouviram alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhido e depois... silêncio. Em seguida, o coelho voltou sozinho, e mais uma vez retornou aos trabalhos de tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois, passou um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído, agradeceu mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também achou muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda e resolveu saber do que se tratava aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:

- Olá jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?

- Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.

O logo não se conteve com a petulância do coelho.

- Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Coelhinho! apetitoso coelhinho! Isso é um despropósito. Nós, os lobos, é que somo os genuínos predadores naturais dos coelhos. Alias, chega de conversa.

- Desculpe-me, mas se você quiser posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca? – convidou o coelhinho.

O lobo não conseguiu acreditar na sua sorte. Ambos desapareceram toca adentro. Alguns instantes depois, ouviram-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e silêncio. Mais uma vez, o coelho retornou sozinho e, impassível, retornou ao trabalho de redação de sua tese como se nada tivesse acontecido.

Dentro da toca do coelho, via-se uma enorme pinha de ossos ensanguentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado dela, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos.

No centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, palitando os dentes, disse ao coelho:

- Não falei? Não importa quão absurdo seja o tema de sua tese, não importa se você não tem experimentos nunca cheguem a provar sua teoria; não importa nem mesmo se suas ideias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos; o que importa é quem está apoiando sua tese.


Fonte: “As Parábolas na Empresa” por Alexandre Rangel – Editora Leitura

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Achados da Linha de Pensamento



Zé Maluco. Assim era chamado. Na verdade não possuía nenhuma confusão mental e nunca se metera em rasgar uma nota de 100 reais. Fizeram até um teste com o coitado. Quando se apoderou do valor que vira somente pelo visor de um caixa eletrônico, saiu correndo. Não chamaram a polícia porque, no momento, lembraram que Zé Maluco era só um pouco maluco.
No último recebimento do seu salário mensal, se deparou com vários descontos e pensou que era hora de ficar doido de vez. Foi só um pensamento ridículo, porque os vindo de seus nobres conceitos, mesmo os formados pela educação rígida estavam reservados para os instantes especiais, tão especiais que era preciso estar bem longe de onde todos se encontravam.
Uma vez, quando sentado numa pedra na maior tranquilidade observou a viatura da polícia vindo pelo caminho usado como atalho pelas pessoas a pé e a cavalo, motoqueiros e pelos carroceiros. Sabia que situação não era nada boa, apesar de que eram apenas procedimentos de segurança. Alguém desconhecido teria ligado para o número 190. Ao parar desceram três militares mais ou menos bem armados com fuzis. Eles se afastaram uns dos outros como estratégia. Zé Maluco ficou cercado. Ele afastou-se do lugar onde estava sentado, enquanto dois deles se pararam e ficaram as armas com os canos apontados ao chão. Um dos militares veio e fez busca no corpo dele. Depois, perto do local onde Zé Maluco estava antes, não encontrando nada estranho. Logo após pegou seu documento de identidade e foi conferir algo na viatura com o militar que ficou ao volante. Quando voltou perguntou o que estava fazendo ali. Respondido, o militar fez outra pergunta:
-Você sabe que esta área é um local que já houve tentativa de estupro?
-Já ouvi falar.
-Pois é. Não deveria estar aqui.
-Desculpe-me. Estou com uns problemas em casa e resolvi vir para cá para esfriar a cabeça.
Naquele local não havia beleza alguma. Servia de passagem de trens e pessoas que atravessavam a ferrovia indo de um bairro para o outro. Os trens também ficavam ali por algum tempo estacionados e depois seguiam viagem.
Zé Maluco não pensava em suicidar-se algum dia. Ouvia histórias de pessoas que pulavam na frente das pesadas máquina. Era uma demonstração de egoísmo e de falta de amor pela vida; Aproveitava melhor o local, quando o conjunto de linhas férreas estava desocupado. Era o instante de suas mais íntimas reflexões sobre sua vida. E o tempo ali parecia que não ia passar. Às vezes ficava andando seguindo a linha. Depois do ocorrido com os militares, passou a fazer isso, todas as vezes que avistava as pessoas para não chamar a atenção.
Revia mentalmente os problemas e procurava uma ideia para servir de solução. Alguns o faziam chorar como criança. Raras vezes chorava perto das pessoas. Pedia a Deus sabedoria, cada vez mais a mansidão, saúde sempre. Esperando por Ele, aos poucos tinha certeza que ia concretizar os planos projetados. Ao mesmo tempo sentia que a idade avançava, o tempo encurtava diante da missão quase impossível de ajudar e sobreviver. Praticava o ato de colocar para fora de casa, cigarras e besouros que corriam o riso de vida por estarem ali. Geralmente ninguém suporta insetos invasores, mas as baratas estão sempre lá para serem exterminadas desde o tempo dos dinossauros, provocando prejuízos ao nosso orçamento doméstico. Zé Maluco nunca via uma nota de 50 reais roída por baratas. Era maluco por sua vida, talvez por seus semelhantes, pelos que eram humilhados por terem apenas obrigação para oferecer a um Deus. Alguns o tratavam como se fosse um pó que precisava sumir de vez pela força do vento.
Olhando a linha de trem, novos pensamentos e novas ideias brotavam como uma semente que germina no deserto. Havia um rejuvenescimento, reforçando a esperança que havia como ele. Lembrava sempre que a rotina não dava oportunidade quando queria resolver situações pequenas. São elas que derrubam uma pessoa. Altura não quer dizer nada quando o perigo está embaixo. Fundações mal feitas não suportam a parte oponente da construção.
Outro dia, caminhando ao longo da via ferra, encontrou algo deixado, não propositalmente, pelos trabalhadores da manutenção. Eram partes que desconhecia as funções. Os objetos esquecidos representavam para si muito mais que coisas insignificantes e descartáveis. Era a pedra fundamental à liberdade. Deixaram de prestar ao padrão ao qual foram designadas a servir. Estavam livres para outros objetivos. Não precisavam mais suportar toneladas passando diariamente por cima de seus corpos. Qualquer coisa diferente encontrada pelo Zé Maluco fazia sua alegria voltar. Sua linha de pensamento era diferenciada criada por si mesmo. Naquele local ele se encontrava. Poucos se atreveriam a ir mesmo caminho. Outros afirmariam, de tão cegos, que ser mentecapto é um dom dado por Deus àqueles que contam somente com a sorte. Assim prosseguia vivendo ao seu modo como se tudo fosse arte.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Bagaço da Cana


Onarileva Laupa

O mundo ainda comentava o massacre em Realengo no estado do Rio de Janeiro, quando um ex-aluno, supostamente com problemas mentais ou com sede de vingança, na manhã de quinta-feira conseguiu entrar numa escola municipal para matar 12 crianças e ferir outras 12. Em Goiás, outro rapaz tirou a vida de duas irmãs adolescentes, segundo depoimento, por causa de zombaria. Elas o chamaram de caipira fedido. Ambos os casos poderiam estar ligados ao abandono, descaso e a má educação tão presente em nosso meio social.
No bairro nobre de minha cidade, ouviu-se dizer que o padre Galdino pertencente à outra paróquia, seria o encarregado do sermão do domingo. A igreja, considerada a mais bonita da região, desenhada por um famoso arquiteto, não revelava o descontentamento dos dirigentes sacerdotais da região. O povo andava esquecido de Deus. A Igreja estaria excepcionalmente cheia para a reunião estrategicamente especial. Ele havia introduzido na organização religiosa, inovações nunca vistas em toda história mundial da instituição. Por isso, passou a ser recebido com carinho, amado pelos fieis e frequentadores da comunidade. O padre Galdino, depois de Deus e uma noiva, de modo exagerado, era o terceiro centro das atenções.
A poucos minutos da hora marcada para o início da grande reunião, muitos presentes retiravam dos bolsos, seus telefones para observarem os minutos que faltavam. Elegantes relógios de pulso já eram raridade. Lentamente, mais fieis aderiam ao corpo de impacientes. Os que estavam assentados começavam a se inquietar em seus lugares, olhando em todas as direções e principalmente para as portas de acesso ao altar na tentativa de avistar o padre Galdino. Havia conversas paralelas em voz baixa por toda a igreja. Essa impaciência adicionada ao desconforto veio a tomar maiores proporções, depois que o horário de inicio tinha ficado quinze minutos para trás.
As pessoas que se produziram, vieram à igreja em conformidade com as regras da sociedade, em geral, deveriam suportar o atraso do prendado padre Galdino.
O inusitado acontece. Um mendigo malcheiroso entra na igreja. Seus cabelos estavam sujos e grandes parecendo que há meses não os penteava. Também exibia uma grande barba com mesmo estado. Os de pouca noção achavam se tratar monólogo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. Os pés descalços fazia outro rapaz que cursava a faculdade pensar que fosse encenação sobre Sócrates, o grande filósofo da antiguidade.
O maltrapilho andou entre os fieis para lá e para cá entrada por minutos. Notava-se a expressão de nojo e desprezo das pessoas. A todo o momento, pedia esmola estendendo as mãos pretas de tanta sujeira, resmungava alguma coisa imperceptível. Alguns adultos e crianças o evitavam deixando transparecer suas “caras feias” pelo que sentiam do estado deplorável do homem. Ele andou livremente em direção ao altar. E para espanto de todos foi mais à frente e tomou o microfone do pedestal desajeitadamente. Estranhamente, no momento, não apareceu nenhum pessoal da segurança, polícia ou alguém preocupado em proteger a integridade do povo presente e o patrimônio da igreja, caso interessasse causar danos morais, escândalo ou coisa parecida.
Então, passou a mão pelo cabelo e puxou a peruca fora da cabeça. Para a surpresa de toda igreja, descobriram que aquele homem aparentando esfarrapado, era na verdade o padre Galdino. Os fieis sem compreenderem o que estava acontecendo, se olhavam uns aos outros.
Padre Galdino resolveu falar:
-Meus irmãos. Culpamos a nós mesmos, à medida que carecemos de ações imediatas, revelando em nós incompetência e irresponsabilidade. Grandes tragédias facilmente poderiam ser evitadas. No entanto, batem palmas às falsas amizades, reforçadas agora, pelas maravilhas tecnologias atuais e vindouras, criadas sem sentimento algum. Existe sim, evolução nas relações demonstrada por poucos; enquanto o bagaço contiver o caldo, a cana de açúcar será pressionada no engenho até a retirada de toda a dignidade que vai alimentar vida de outros. A miséria não significa apenas a consequência dos que não tiveram oportunidade ou nada conseguiram. Esse mal que começa na mente e no coração, é tratado como um modelo de inspiração do artista pintor, poeta. Pelo romancista sem compromisso com a verdade humana. Essas manifestações deveriam antes ser antes de tudo, um modo de denunciar a raiz do problema que nasce no âmago da família. As razões que destroem o nosso interior tão silencioso, desunem lares e vidas, continuando emergir interesses próprios...
O padre Galdino continua:
-O que acabaram de assistir não é uma encenação do bagaço humano, mas a apresentação de um símbolo ambulante do produto da desigualdade e indiferença social, reflexo de nossos maus pensamentos. O tipo que se conforma com a condição imposta, enquanto escondido talvez em seu quarto e vazio e acomodado, em alguma parte do mundo, na oficina da maldade, reside o silêncio tenebroso, maquiavélico, em meio a mesma escuridão mental, o cultivo do ódio e declaração de guerra contra os sistemas e costumes sociais, hostilizando inocentes. Não haverá mudança para melhor se deixarmos de introduzir, em nós mesmos, novos conceitos. Meus irmãos, quando acordarmos, as atitudes serão nosso banho, o adorno imaculável e seremos dignos e dizer que estamos fazendo algo. Oremos.
Nesse momento, todos se levantam para começar a reunião.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ASSÉDIO MORAL, A FACE SOMBRIA DO TRABALHO

    

Ser assediado moralmente é ser obrigado a executar tarefas abaixo da atribuição de seu cargo; sofrer desmoralização na frente de colegas, sendo chamado de "preguiçoso", "vagabundo" ou "incompetente"; ouvir de seu superior que tudo o que você faz está errado e que seu trabalho é desnecessário à empresa; ser desviado de trabalho modificado, sem qualquer justificativa; ser "incentivado" a pedir demissão, se aposentar ou afastar-se, sob a alegação de que está "muito nervoso" ou "estressado"; ter divulgados boatos sobre sua conduta pessoal ou profissional.

Também conhecido como "terror psicológico", o assédio moral é resultado da exposição frequente de funcionários a situações de vexame, constrangimento e humilhações praticadas, principalmente, a um ou mais subordinados, atingindo a identidade e dignidade do trabalhador e, em casos extremos, podendo contribuir para a ocorrência de distúrbios mentais e psíquicos.
As denúncias vêm aumentando na mesma proporção da busca ilimitada por produtividade nas empresas, nas quais as pressões das chefias por resultados excedem os limites do bom senso e do respeito em relação a qualquer trabalhador, sem distinção de sexo, nível social ou raça.
A cobrança faz parte do cotidiano das empresas. O problema, entretanto, é a maneira como isto vem sendo feito, quase sempre de forma abusiva. A prática ocorre apenas quando a perseguição é constante e não apenas em casos isolados ou discussões pontuais registrados no ambiente de trabalho.
O medo de perder o emprego não pode, em hipótese alguma, ser utilizado como refúgio pelo trabalhador que é vítima de coação, humilhação e constrangimento nas empresas.
Quando a situação beira o insustentável, o trabalhador deve reagir, pois as práticas seguidas de assédio moral podem afetar seu estado físico e emocional e causar distúrbios mais graves, em alguns casos, de maneira irreversível.
Por isso, especialistas recomendam alguns procedimentos ao trabalhador vítima de assédio moral. Quem passa por esta situação deve tomar nota das humilhações sofridas no ambiente de trabalho, de preferência relatando data, hora, local, nome do agressor, palavras com as quais foi ofendido e até mesmo as pessoas que testemunharam o fato para que, posteriormente, possa encaminhar denúncia ao sindicato da categoria a que pertence.
Além de tema de estudo de outros especialistas, como o da professora Margarida Barreto, autora da mais completa pesquisa sobre o assunto realizada no Brasil, as práticas de assédio moral, de tão graves, já ganharam até leis estaduais e municipais especificas e, volta e meia, são alvo de ações nos tribunais.
Imagine começar o dia de trabalho tendo um ótimo desempenho desenvolvendo juntamente com os colegas todas as suas tarefas. Então receber um elogio de um superior de que seu trabalho foi comprovadamente eficiente. Isto é o que espera qualquer trabalhador em sua profissão, porém muitas vezes o assédio moral no serviço impede esta realização satisfatória.
O bloqueio segundo a Organização Internacional de Trabalho (OIT) é caracterizado por atos agressivos que visam especialmente a desmoralização e a desestabilização emocional. O assédio moral se caracteriza pela exposição dos trabalhadores a situações já descritas acima durante a jornada.
No Brasil, existe o Projeto de Lei Federal nº 2369/2003, criado pelo deputado federal Mauro Guimarães Passos, que dispõe sobre o assedio moral nas relações de trabalho. Mesmo existindo este projeto em tramitação no país, a OIT aponta que cerca de 30% da população economicamente ativa sofre ou já sofreu assédio moral.
“O assédio ocorre geralmente com pessoas de baixa moral, geralmente na faixa etária entre 30 e 35 anos. Ocorre muito por esses profissionais serem graduados ou por não terem a experiência desejada pelo empregador. É geralmente identificado em empresas privadas. No caso de órgãos públicos, isso é mais difícil de acontecer. Vale lembrar que problemas familiares podem gerar dificuldades e levar ao assédio do contratado”, diz o advogado Lázaro Pontes.
Quanto a conduta dos chefes que pratica assédio moral, o advogado diz que na maioria das vezes existe certa repugnância por parte deles com relação ao empregado. “Na maioria das vezes, o superior nem percebe o empregado, não cumprimenta, não olha, não discute ideias com este profissional, ou seja, de forma alguma ele se dirige à pessoa, o que é péssimo para o trabalhador, pois ele se sente humilhado e desmotivado para o seu serviço”.
Qualquer profissional está sujeito a este tipo de situação, por isso e preciso ficar atento ao que acontece no ambiente de trabalho. Nas empresas de telemarketing, “o assédio moral é mais comum em empresas que estipulam metas. O problema não é o alvo, mas a sua exposição caso não feche bem o mês, como, por exemplo, ter que se vestir de mico ou outro bicho sugerido pela empresa”, ressalta Lázaro.
O advogado afirma, repetindo o que já foi dito antes, que este sofrimento pode acarretar problemas psicológicos sérios aos funcionários. “Além da exposição a esta situação, danos pesados podem ocorrer. A maior consequência é a depressão, o que acaba com o profissional, desestabiliza sua vida, sem falar na baixa autoestima”, salienta.
O estudante de administração Rodrigo Dias já passou por isso “Foi a pior experiência de minha vida. Por diversas vezes fui xingado na frente de clientes e de certa forma humilhado. Por não bater a meta estipulada, tive que lavar a loja durante um mês, sendo que essa tarefa era dividida entre funcionários. No decorrer de uns dois anos, eu fiquei desmotivado a voltar para o comércio, até que vi que não adiantaria ficar parado. Então investi nos estudos”, conta o estudante.
Para reverter estas situações de humilhações, o advogado trabalhista Lázaro Pontes cita as medidas a serem tomadas pelo trabalhador e aponta quais são as falhas das empresas nestes casos.
“Em primeiro lugar, o trabalhado deve mover uma ação na Justiça do Trabalho. Lá ele vai relatar o que aconteceu. Se tiver alguma prova cabível, como gravação ou testemunha, deve apresentar imediatamente. No caso das empresas, para evitar este tipo de situação, elas devem ficar de olho em suas equipes e também ter mais atenção aos funcionários, ajudar e incentivar. Tudo isto pode evitar constrangimentos e discussões entre a as partes, o que gera um progresso do profissional e da empresa”. Conclui o Advogado. Conheça o site www.assediomoral.org
Fonte: www.atalho5.com.br



                                


sábado, 1 de janeiro de 2011

QUEM PLANTOU?

Filosofias populares  como formas irônicas, encerram discussões de temas sérios. “O que não mata engorda” perdeu o trono desta vez para a frase recém-criada, “A gente colhe o que o outro plantou”, chamando a atenção para um problema em que a solução depende de vontade, coragem, etc.
O transporte ferroviário no Brasil, hoje privatizado, está voltado atualmente para o escoamento de grande quantidade da produção agrícola e mineral como a soja, destinada principalmente à exportação, o milho, minério de ferro e de outros produtos para consumo interno e matérias primas para acabamento na construção civil.
Com relação ao transporte ferroviário de grãos, pude ver com meus próprios olhos, um fato que parece não ser preocupação aos órgãos competentes. Ao longo do percurso das máquinas com seus vagões, preciosos elementos se perdem pelo caminho.  Grãos de milho depositados por acaso, motivados pelas chuvas fortes na região, nesta segunda metade do segundo semestre do ano de 2010, se acomodaram e brotaram entre as pedras britadas, material utilizado na sustentação da superfície das linhas férreas do complexo.  A presença desse material de extração mineral deixa-nos uma curiosidade que pode ser percebida por qualquer observador, pelo vestígio de trabalho de manutenção. Se não estiver errado, penso que elas facilitam a substituição das peças em madeira inutilizadas pela ação do tempo e dos insetos. Os pés de milho naturalmente isolados exibem suas belas folhagens, formando uma paisagem inusitada diante da monotonia da linha ferroviária.
Todos os dias eu me aproximo, quando não há composições paradas obstruindo a visão e o acesso ao pequeno paraíso do milho. Assim observo as espigas, já em desenvolvimento em alguns pés. Outra curiosidade está na falta de vândalos nesse ermo. Na mesma extensão, perto dali, encontro pombos e os chamados pássaros pretos, dentre outras espécies de aves da região. Elas aproveitam dos grãos que ainda permanecem visíveis. Também por perto, colônias de formigas cortadeiras, ensaiam a destruição das folhas do “milharal”. Para a tristeza de quem pretende saborear das espigas, existe uma notícia ainda não confirmada, de que a administração atual da ferrovia estaria semeando um produto na camada de pedras britadas para evitar o nascimento do mato que prejudica a passagem das composições. Por uma questão de saúde alerto ao não consumo.
Não posso afirmar que foi a ação da natureza, o milagre no corredor viário, nem ser uma intervenção indireta do homem. Necessária é a revisão, no Brasil, do sistema de logística, comentado recentemente na mídia. A solução evita o desperdício de alimentos, neste mundo de fatura, mas que ainda, infelizmente, existe fome e miséria como marca.



BOCA NA RATOEIRA

Boca na Ratoeira
Onarileva Laupa
            Seria bom se pudéssemos sempre levar vantagens em tudo. A famosa “Lei de Gerson”. Estamos sempre arriscando para ver como será o final. Isso é um procedimento arriscado para o que crê que vai sempre se dar bem.  Portanto, “quem não arrisca não petisca”. Assim, estamos continuamente procurando contar vantagens, tirando proveito de uma situação. Há aquela sensação satisfação mais íntima conosco mesmo e depois, no espalhar a noticia, nos sentimos completos. Esperamos que as pessoas próximas possam nos admirar e a nos ver com outros olhos. Outras devem nos rotular como antipáticos, convencidos demais. Quando estamos numa situação embaraçosa, fingimos não ter acontecido nada “saindo de fininho”. As pessoas não se esquecem dos fatos anormais, pois eles sevem de motivo de curiosidade ou zombaria.
            A sociedade impõe regras difíceis de serem cumpridas. Problemas históricos de ordem cultural que precisam ser exterminados rondam nosso território. Essas regras nos torturam quando não conseguimos atender aos anseios de padrões considerados adequados. A separação abstrata entre as classes é a consequência mais visível desse processo natural das coisas. Porém, ninguém quer “ficar por baixo”. Somos como os elétrons: Quando aplicado a eles uma força agitam-se e saltam de camadas no giro em torno do núcleo, produzindo luz e calor. Em nosso caso, a força tem função fundamental, mas é privilégio de poucos. Conhecendo um pouco da sociedade e seu funcionamento prático em todos os tempos, descobrimos a necessidade da existência permanente das camadas classes sociais. No passado, a escravatura explicitava a dura realidade de uma raça considerada inferior, representando a força do trabalho não reconhecida. Mesmo subjulgada, conseguiu unir esforços, em focos ou em organizações de resistência e lutavam pela liberdade, ainda hoje não definida, enquanto novos conhecimentos eram importados da Europa.  
            Ao flagrarmos um pequeno rato pego numa ratoeira, com a boca no minúsculo pedaço de queijo, lembramos que, infelizmente, nem tudo é igual ao que planejamos, nem tudo são flores. A tentativa de subir um degrau pode nos custar caro. É uma luta por um tipo de sobrevivência que vemos se repetir desde os homens das cavernas: O poder.
            Olhando mais de uma vez a cena da ratoeira desarmada, enxergaremos também, o encerramento da simples vontade de um jeito brusco, quando queremos participar do mundo apenas não importando com os porquês. Uma parte de nós acredita que está no meio para sofrer, referindo-se posição psicologicamente desfavorável, esquecendo que sempre encontraremos alguém que estará acima e abaixo de nós.
            Universalmente, ninguém espera ser denominado de rato e estar morto com a boca na ratoeira desarmada. No Brasil, em linguagem popular, segundo o Dicionário Aurélio, ser rato significa ser um “frequentador assíduo” de festas.
            Se uma ratoeira, preparada para o seu oponente não desarma, é sinal de falha de administração, negligência de quem a preparou. Seria o pequeno David contra o gigante Golias. A ratoeira é uma máquina dos inteligentes. Sobre ela os ratos nada sabem, nada podem fazer. A sua engenharia está acima de suas capacidades de pensar. Facilmente são pegos tentando apenas se alimentar, uma das regras de sobrevivência. Pode ser que possamos sentir compaixão ao olhando o animalzinho estirado, sem mobilidade e sem vida.
            Ás vezes, eu me deparo com a facilidade que temos de nos ludibriar. Nossos direitos estão disponíveis a todo o momento para nós, mas é difícil enxergarmos a oportunidade para atingir os degraus acima. Há os que acreditam que eles chegam a um estado celestial. Para obtermos nossas vantagens sem a aplicação da ilusão, é preciso um pouco de humildade. Grandes homens criaram seus próprios estilos de vida com muitos gestos e poucas palavras, creio eu, para não serem confundidos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Benefício para pessoas idosas e com deficiência

       Atualmente no Brasil e distribuídos por todos os Estados existem mais de 3.3 milhões de beneficiários. O pagamento é igual a um salário mínimo mensal. Pessoas idosas com 65 ou mais e os com deficiência, de qualquer idade, tem direito ao BPC - Benefício de Prestação Continuada de Assistência Social. Este benefício é coordenado pelo MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Nos dois casos, para ter acesso ao benefício, a renda mensal bruta per capital da família deve ser inferior a quarta parte (1/4) do salário mínimo. O interessado precisa comprovar que não possui condição de se manter financeiramente ou de ter o sustento provido pela família. Pessoas com deficiência devem comprovar que estão incapacitadas para o trabalho e para a vida independente.
        BPC é um benéfico individual, garantido pela Constituição Federal com previsão no Estatuto do idoso. Não vitalício e intransferível, integra a proteção social básica no âmbito do SUAS - Sistema Único de Assistência Social. É direito de cidadania assegurado pela proteção social não contributiva da Seguridade Social. Não há necessidade ter contribuído para a Previdência Social para receber o BPC.
        A pessoa idosa ou com deficiência precisa agendar o atendimento pelo telefone 135 da Central de Atendimento da Previdência Social ou através do site www.predenciasocial.gov.br. Após esse procedimento, deve ir a uma agência do INSS, preencher o formulário de solicitação do benefício, apresentar declaração de renda dos membros da família, comprovar residência e apresentar seus documentos de identificação e da família. A pessoa com deficiência deve passar por avaliação da incapacidade para a vida independente e para o trabalho, feita por perícia médica e assistencial do INSS. Havendo comprovação da impossibilidade de deslocamento até o local da perícia, a avaliação é realizada no domicílio ou onde a pessoa estiver internada.
        Os recursos financeiros do PBC vêm do orçamento da Seguridade Social com administração do MDS, sendo repassados para o INSS por meio de Fundo Nacional de Assistência Social. O benefício é pago diretamente ao beneficiário ou ao seu representante legal (procurador, tutor ou curador) pela rede bancária autorizada.
        O beneficiário recebe de graça do banco um cartão magnético para usar somente para sacar o benefício e não está obrigado a adquirir nenhum serviço ou produto do banco. Em localizações onde não há estabelecimento bancário, o pagamento é executado por órgãos autorizados pelo INSS