Onarileva Laupa
Seria bom se pudéssemos sempre levar vantagens em tudo. A famosa “Lei de Gerson”. Estamos sempre arriscando para ver como será o final. Isso é um procedimento arriscado para o que crê que vai sempre se dar bem. Portanto, “quem não arrisca não petisca”. Assim, estamos continuamente procurando contar vantagens, tirando proveito de uma situação. Há aquela sensação satisfação mais íntima conosco mesmo e depois, no espalhar a noticia, nos sentimos completos. Esperamos que as pessoas próximas possam nos admirar e a nos ver com outros olhos. Outras devem nos rotular como antipáticos, convencidos demais. Quando estamos numa situação embaraçosa, fingimos não ter acontecido nada “saindo de fininho”. As pessoas não se esquecem dos fatos anormais, pois eles sevem de motivo de curiosidade ou zombaria.
A sociedade impõe regras difíceis de serem cumpridas. Problemas históricos de ordem cultural que precisam ser exterminados rondam nosso território. Essas regras nos torturam quando não conseguimos atender aos anseios de padrões considerados adequados. A separação abstrata entre as classes é a consequência mais visível desse processo natural das coisas. Porém, ninguém quer “ficar por baixo”. Somos como os elétrons: Quando aplicado a eles uma força agitam-se e saltam de camadas no giro em torno do núcleo, produzindo luz e calor. Em nosso caso, a força tem função fundamental, mas é privilégio de poucos. Conhecendo um pouco da sociedade e seu funcionamento prático em todos os tempos, descobrimos a necessidade da existência permanente das camadas classes sociais. No passado, a escravatura explicitava a dura realidade de uma raça considerada inferior, representando a força do trabalho não reconhecida. Mesmo subjulgada, conseguiu unir esforços, em focos ou em organizações de resistência e lutavam pela liberdade, ainda hoje não definida, enquanto novos conhecimentos eram importados da Europa.
Ao flagrarmos um pequeno rato pego numa ratoeira, com a boca no minúsculo pedaço de queijo, lembramos que, infelizmente, nem tudo é igual ao que planejamos, nem tudo são flores. A tentativa de subir um degrau pode nos custar caro. É uma luta por um tipo de sobrevivência que vemos se repetir desde os homens das cavernas: O poder.
Olhando mais de uma vez a cena da ratoeira desarmada, enxergaremos também, o encerramento da simples vontade de um jeito brusco, quando queremos participar do mundo apenas não importando com os porquês. Uma parte de nós acredita que está no meio para sofrer, referindo-se posição psicologicamente desfavorável, esquecendo que sempre encontraremos alguém que estará acima e abaixo de nós.
Universalmente, ninguém espera ser denominado de rato e estar morto com a boca na ratoeira desarmada. No Brasil, em linguagem popular, segundo o Dicionário Aurélio, ser rato significa ser um “frequentador assíduo” de festas.
Se uma ratoeira, preparada para o seu oponente não desarma, é sinal de falha de administração, negligência de quem a preparou. Seria o pequeno David contra o gigante Golias. A ratoeira é uma máquina dos inteligentes. Sobre ela os ratos nada sabem, nada podem fazer. A sua engenharia está acima de suas capacidades de pensar. Facilmente são pegos tentando apenas se alimentar, uma das regras de sobrevivência. Pode ser que possamos sentir compaixão ao olhando o animalzinho estirado, sem mobilidade e sem vida.
Ás vezes, eu me deparo com a facilidade que temos de nos ludibriar. Nossos direitos estão disponíveis a todo o momento para nós, mas é difícil enxergarmos a oportunidade para atingir os degraus acima. Há os que acreditam que eles chegam a um estado celestial. Para obtermos nossas vantagens sem a aplicação da ilusão, é preciso um pouco de humildade. Grandes homens criaram seus próprios estilos de vida com muitos gestos e poucas palavras, creio eu, para não serem confundidos.
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