Filosofias populares como formas irônicas, encerram discussões de temas sérios. “O que não mata engorda” perdeu o trono desta vez para a frase recém-criada, “A gente colhe o que o outro plantou”, chamando a atenção para um problema em que a solução depende de vontade, coragem, etc.
O transporte ferroviário no Brasil, hoje privatizado, está voltado atualmente para o escoamento de grande quantidade da produção agrícola e mineral como a soja, destinada principalmente à exportação, o milho, minério de ferro e de outros produtos para consumo interno e matérias primas para acabamento na construção civil.
Com relação ao transporte ferroviário de grãos, pude ver com meus próprios olhos, um fato que parece não ser preocupação aos órgãos competentes. Ao longo do percurso das máquinas com seus vagões, preciosos elementos se perdem pelo caminho. Grãos de milho depositados por acaso, motivados pelas chuvas fortes na região, nesta segunda metade do segundo semestre do ano de 2010, se acomodaram e brotaram entre as pedras britadas, material utilizado na sustentação da superfície das linhas férreas do complexo. A presença desse material de extração mineral deixa-nos uma curiosidade que pode ser percebida por qualquer observador, pelo vestígio de trabalho de manutenção. Se não estiver errado, penso que elas facilitam a substituição das peças em madeira inutilizadas pela ação do tempo e dos insetos. Os pés de milho naturalmente isolados exibem suas belas folhagens, formando uma paisagem inusitada diante da monotonia da linha ferroviária.
Todos os dias eu me aproximo, quando não há composições paradas obstruindo a visão e o acesso ao pequeno paraíso do milho. Assim observo as espigas, já em desenvolvimento em alguns pés. Outra curiosidade está na falta de vândalos nesse ermo. Na mesma extensão, perto dali, encontro pombos e os chamados pássaros pretos, dentre outras espécies de aves da região. Elas aproveitam dos grãos que ainda permanecem visíveis. Também por perto, colônias de formigas cortadeiras, ensaiam a destruição das folhas do “milharal”. Para a tristeza de quem pretende saborear das espigas, existe uma notícia ainda não confirmada, de que a administração atual da ferrovia estaria semeando um produto na camada de pedras britadas para evitar o nascimento do mato que prejudica a passagem das composições. Por uma questão de saúde alerto ao não consumo.
Não posso afirmar que foi a ação da natureza, o milagre no corredor viário, nem ser uma intervenção indireta do homem. Necessária é a revisão, no Brasil, do sistema de logística, comentado recentemente na mídia. A solução evita o desperdício de alimentos, neste mundo de fatura, mas que ainda, infelizmente, existe fome e miséria como marca.
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