segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ASSÉDIO MORAL, A FACE SOMBRIA DO TRABALHO

    

Ser assediado moralmente é ser obrigado a executar tarefas abaixo da atribuição de seu cargo; sofrer desmoralização na frente de colegas, sendo chamado de "preguiçoso", "vagabundo" ou "incompetente"; ouvir de seu superior que tudo o que você faz está errado e que seu trabalho é desnecessário à empresa; ser desviado de trabalho modificado, sem qualquer justificativa; ser "incentivado" a pedir demissão, se aposentar ou afastar-se, sob a alegação de que está "muito nervoso" ou "estressado"; ter divulgados boatos sobre sua conduta pessoal ou profissional.

Também conhecido como "terror psicológico", o assédio moral é resultado da exposição frequente de funcionários a situações de vexame, constrangimento e humilhações praticadas, principalmente, a um ou mais subordinados, atingindo a identidade e dignidade do trabalhador e, em casos extremos, podendo contribuir para a ocorrência de distúrbios mentais e psíquicos.
As denúncias vêm aumentando na mesma proporção da busca ilimitada por produtividade nas empresas, nas quais as pressões das chefias por resultados excedem os limites do bom senso e do respeito em relação a qualquer trabalhador, sem distinção de sexo, nível social ou raça.
A cobrança faz parte do cotidiano das empresas. O problema, entretanto, é a maneira como isto vem sendo feito, quase sempre de forma abusiva. A prática ocorre apenas quando a perseguição é constante e não apenas em casos isolados ou discussões pontuais registrados no ambiente de trabalho.
O medo de perder o emprego não pode, em hipótese alguma, ser utilizado como refúgio pelo trabalhador que é vítima de coação, humilhação e constrangimento nas empresas.
Quando a situação beira o insustentável, o trabalhador deve reagir, pois as práticas seguidas de assédio moral podem afetar seu estado físico e emocional e causar distúrbios mais graves, em alguns casos, de maneira irreversível.
Por isso, especialistas recomendam alguns procedimentos ao trabalhador vítima de assédio moral. Quem passa por esta situação deve tomar nota das humilhações sofridas no ambiente de trabalho, de preferência relatando data, hora, local, nome do agressor, palavras com as quais foi ofendido e até mesmo as pessoas que testemunharam o fato para que, posteriormente, possa encaminhar denúncia ao sindicato da categoria a que pertence.
Além de tema de estudo de outros especialistas, como o da professora Margarida Barreto, autora da mais completa pesquisa sobre o assunto realizada no Brasil, as práticas de assédio moral, de tão graves, já ganharam até leis estaduais e municipais especificas e, volta e meia, são alvo de ações nos tribunais.
Imagine começar o dia de trabalho tendo um ótimo desempenho desenvolvendo juntamente com os colegas todas as suas tarefas. Então receber um elogio de um superior de que seu trabalho foi comprovadamente eficiente. Isto é o que espera qualquer trabalhador em sua profissão, porém muitas vezes o assédio moral no serviço impede esta realização satisfatória.
O bloqueio segundo a Organização Internacional de Trabalho (OIT) é caracterizado por atos agressivos que visam especialmente a desmoralização e a desestabilização emocional. O assédio moral se caracteriza pela exposição dos trabalhadores a situações já descritas acima durante a jornada.
No Brasil, existe o Projeto de Lei Federal nº 2369/2003, criado pelo deputado federal Mauro Guimarães Passos, que dispõe sobre o assedio moral nas relações de trabalho. Mesmo existindo este projeto em tramitação no país, a OIT aponta que cerca de 30% da população economicamente ativa sofre ou já sofreu assédio moral.
“O assédio ocorre geralmente com pessoas de baixa moral, geralmente na faixa etária entre 30 e 35 anos. Ocorre muito por esses profissionais serem graduados ou por não terem a experiência desejada pelo empregador. É geralmente identificado em empresas privadas. No caso de órgãos públicos, isso é mais difícil de acontecer. Vale lembrar que problemas familiares podem gerar dificuldades e levar ao assédio do contratado”, diz o advogado Lázaro Pontes.
Quanto a conduta dos chefes que pratica assédio moral, o advogado diz que na maioria das vezes existe certa repugnância por parte deles com relação ao empregado. “Na maioria das vezes, o superior nem percebe o empregado, não cumprimenta, não olha, não discute ideias com este profissional, ou seja, de forma alguma ele se dirige à pessoa, o que é péssimo para o trabalhador, pois ele se sente humilhado e desmotivado para o seu serviço”.
Qualquer profissional está sujeito a este tipo de situação, por isso e preciso ficar atento ao que acontece no ambiente de trabalho. Nas empresas de telemarketing, “o assédio moral é mais comum em empresas que estipulam metas. O problema não é o alvo, mas a sua exposição caso não feche bem o mês, como, por exemplo, ter que se vestir de mico ou outro bicho sugerido pela empresa”, ressalta Lázaro.
O advogado afirma, repetindo o que já foi dito antes, que este sofrimento pode acarretar problemas psicológicos sérios aos funcionários. “Além da exposição a esta situação, danos pesados podem ocorrer. A maior consequência é a depressão, o que acaba com o profissional, desestabiliza sua vida, sem falar na baixa autoestima”, salienta.
O estudante de administração Rodrigo Dias já passou por isso “Foi a pior experiência de minha vida. Por diversas vezes fui xingado na frente de clientes e de certa forma humilhado. Por não bater a meta estipulada, tive que lavar a loja durante um mês, sendo que essa tarefa era dividida entre funcionários. No decorrer de uns dois anos, eu fiquei desmotivado a voltar para o comércio, até que vi que não adiantaria ficar parado. Então investi nos estudos”, conta o estudante.
Para reverter estas situações de humilhações, o advogado trabalhista Lázaro Pontes cita as medidas a serem tomadas pelo trabalhador e aponta quais são as falhas das empresas nestes casos.
“Em primeiro lugar, o trabalhado deve mover uma ação na Justiça do Trabalho. Lá ele vai relatar o que aconteceu. Se tiver alguma prova cabível, como gravação ou testemunha, deve apresentar imediatamente. No caso das empresas, para evitar este tipo de situação, elas devem ficar de olho em suas equipes e também ter mais atenção aos funcionários, ajudar e incentivar. Tudo isto pode evitar constrangimentos e discussões entre a as partes, o que gera um progresso do profissional e da empresa”. Conclui o Advogado. Conheça o site www.assediomoral.org
Fonte: www.atalho5.com.br



                                


sábado, 1 de janeiro de 2011

QUEM PLANTOU?

Filosofias populares  como formas irônicas, encerram discussões de temas sérios. “O que não mata engorda” perdeu o trono desta vez para a frase recém-criada, “A gente colhe o que o outro plantou”, chamando a atenção para um problema em que a solução depende de vontade, coragem, etc.
O transporte ferroviário no Brasil, hoje privatizado, está voltado atualmente para o escoamento de grande quantidade da produção agrícola e mineral como a soja, destinada principalmente à exportação, o milho, minério de ferro e de outros produtos para consumo interno e matérias primas para acabamento na construção civil.
Com relação ao transporte ferroviário de grãos, pude ver com meus próprios olhos, um fato que parece não ser preocupação aos órgãos competentes. Ao longo do percurso das máquinas com seus vagões, preciosos elementos se perdem pelo caminho.  Grãos de milho depositados por acaso, motivados pelas chuvas fortes na região, nesta segunda metade do segundo semestre do ano de 2010, se acomodaram e brotaram entre as pedras britadas, material utilizado na sustentação da superfície das linhas férreas do complexo.  A presença desse material de extração mineral deixa-nos uma curiosidade que pode ser percebida por qualquer observador, pelo vestígio de trabalho de manutenção. Se não estiver errado, penso que elas facilitam a substituição das peças em madeira inutilizadas pela ação do tempo e dos insetos. Os pés de milho naturalmente isolados exibem suas belas folhagens, formando uma paisagem inusitada diante da monotonia da linha ferroviária.
Todos os dias eu me aproximo, quando não há composições paradas obstruindo a visão e o acesso ao pequeno paraíso do milho. Assim observo as espigas, já em desenvolvimento em alguns pés. Outra curiosidade está na falta de vândalos nesse ermo. Na mesma extensão, perto dali, encontro pombos e os chamados pássaros pretos, dentre outras espécies de aves da região. Elas aproveitam dos grãos que ainda permanecem visíveis. Também por perto, colônias de formigas cortadeiras, ensaiam a destruição das folhas do “milharal”. Para a tristeza de quem pretende saborear das espigas, existe uma notícia ainda não confirmada, de que a administração atual da ferrovia estaria semeando um produto na camada de pedras britadas para evitar o nascimento do mato que prejudica a passagem das composições. Por uma questão de saúde alerto ao não consumo.
Não posso afirmar que foi a ação da natureza, o milagre no corredor viário, nem ser uma intervenção indireta do homem. Necessária é a revisão, no Brasil, do sistema de logística, comentado recentemente na mídia. A solução evita o desperdício de alimentos, neste mundo de fatura, mas que ainda, infelizmente, existe fome e miséria como marca.



BOCA NA RATOEIRA

Boca na Ratoeira
Onarileva Laupa
            Seria bom se pudéssemos sempre levar vantagens em tudo. A famosa “Lei de Gerson”. Estamos sempre arriscando para ver como será o final. Isso é um procedimento arriscado para o que crê que vai sempre se dar bem.  Portanto, “quem não arrisca não petisca”. Assim, estamos continuamente procurando contar vantagens, tirando proveito de uma situação. Há aquela sensação satisfação mais íntima conosco mesmo e depois, no espalhar a noticia, nos sentimos completos. Esperamos que as pessoas próximas possam nos admirar e a nos ver com outros olhos. Outras devem nos rotular como antipáticos, convencidos demais. Quando estamos numa situação embaraçosa, fingimos não ter acontecido nada “saindo de fininho”. As pessoas não se esquecem dos fatos anormais, pois eles sevem de motivo de curiosidade ou zombaria.
            A sociedade impõe regras difíceis de serem cumpridas. Problemas históricos de ordem cultural que precisam ser exterminados rondam nosso território. Essas regras nos torturam quando não conseguimos atender aos anseios de padrões considerados adequados. A separação abstrata entre as classes é a consequência mais visível desse processo natural das coisas. Porém, ninguém quer “ficar por baixo”. Somos como os elétrons: Quando aplicado a eles uma força agitam-se e saltam de camadas no giro em torno do núcleo, produzindo luz e calor. Em nosso caso, a força tem função fundamental, mas é privilégio de poucos. Conhecendo um pouco da sociedade e seu funcionamento prático em todos os tempos, descobrimos a necessidade da existência permanente das camadas classes sociais. No passado, a escravatura explicitava a dura realidade de uma raça considerada inferior, representando a força do trabalho não reconhecida. Mesmo subjulgada, conseguiu unir esforços, em focos ou em organizações de resistência e lutavam pela liberdade, ainda hoje não definida, enquanto novos conhecimentos eram importados da Europa.  
            Ao flagrarmos um pequeno rato pego numa ratoeira, com a boca no minúsculo pedaço de queijo, lembramos que, infelizmente, nem tudo é igual ao que planejamos, nem tudo são flores. A tentativa de subir um degrau pode nos custar caro. É uma luta por um tipo de sobrevivência que vemos se repetir desde os homens das cavernas: O poder.
            Olhando mais de uma vez a cena da ratoeira desarmada, enxergaremos também, o encerramento da simples vontade de um jeito brusco, quando queremos participar do mundo apenas não importando com os porquês. Uma parte de nós acredita que está no meio para sofrer, referindo-se posição psicologicamente desfavorável, esquecendo que sempre encontraremos alguém que estará acima e abaixo de nós.
            Universalmente, ninguém espera ser denominado de rato e estar morto com a boca na ratoeira desarmada. No Brasil, em linguagem popular, segundo o Dicionário Aurélio, ser rato significa ser um “frequentador assíduo” de festas.
            Se uma ratoeira, preparada para o seu oponente não desarma, é sinal de falha de administração, negligência de quem a preparou. Seria o pequeno David contra o gigante Golias. A ratoeira é uma máquina dos inteligentes. Sobre ela os ratos nada sabem, nada podem fazer. A sua engenharia está acima de suas capacidades de pensar. Facilmente são pegos tentando apenas se alimentar, uma das regras de sobrevivência. Pode ser que possamos sentir compaixão ao olhando o animalzinho estirado, sem mobilidade e sem vida.
            Ás vezes, eu me deparo com a facilidade que temos de nos ludibriar. Nossos direitos estão disponíveis a todo o momento para nós, mas é difícil enxergarmos a oportunidade para atingir os degraus acima. Há os que acreditam que eles chegam a um estado celestial. Para obtermos nossas vantagens sem a aplicação da ilusão, é preciso um pouco de humildade. Grandes homens criaram seus próprios estilos de vida com muitos gestos e poucas palavras, creio eu, para não serem confundidos.