Ser assediado moralmente é ser obrigado a executar tarefas abaixo da atribuição de seu cargo; sofrer desmoralização na frente de colegas, sendo chamado de "preguiçoso", "vagabundo" ou "incompetente"; ouvir de seu superior que tudo o que você faz está errado e que seu trabalho é desnecessário à empresa; ser desviado de trabalho modificado, sem qualquer justificativa; ser "incentivado" a pedir demissão, se aposentar ou afastar-se, sob a alegação de que está "muito nervoso" ou "estressado"; ter divulgados boatos sobre sua conduta pessoal ou profissional.
Também conhecido como "terror psicológico", o assédio moral é resultado da exposição frequente de funcionários a situações de vexame, constrangimento e humilhações praticadas, principalmente, a um ou mais subordinados, atingindo a identidade e dignidade do trabalhador e, em casos extremos, podendo contribuir para a ocorrência de distúrbios mentais e psíquicos.
As denúncias vêm aumentando na mesma proporção da busca ilimitada por produtividade nas empresas, nas quais as pressões das chefias por resultados excedem os limites do bom senso e do respeito em relação a qualquer trabalhador, sem distinção de sexo, nível social ou raça.
A cobrança faz parte do cotidiano das empresas. O problema, entretanto, é a maneira como isto vem sendo feito, quase sempre de forma abusiva. A prática ocorre apenas quando a perseguição é constante e não apenas em casos isolados ou discussões pontuais registrados no ambiente de trabalho.
O medo de perder o emprego não pode, em hipótese alguma, ser utilizado como refúgio pelo trabalhador que é vítima de coação, humilhação e constrangimento nas empresas.
Quando a situação beira o insustentável, o trabalhador deve reagir, pois as práticas seguidas de assédio moral podem afetar seu estado físico e emocional e causar distúrbios mais graves, em alguns casos, de maneira irreversível.
Por isso, especialistas recomendam alguns procedimentos ao trabalhador vítima de assédio moral. Quem passa por esta situação deve tomar nota das humilhações sofridas no ambiente de trabalho, de preferência relatando data, hora, local, nome do agressor, palavras com as quais foi ofendido e até mesmo as pessoas que testemunharam o fato para que, posteriormente, possa encaminhar denúncia ao sindicato da categoria a que pertence.
Além de tema de estudo de outros especialistas, como o da professora Margarida Barreto, autora da mais completa pesquisa sobre o assunto realizada no Brasil, as práticas de assédio moral, de tão graves, já ganharam até leis estaduais e municipais especificas e, volta e meia, são alvo de ações nos tribunais.
Imagine começar o dia de trabalho tendo um ótimo desempenho desenvolvendo juntamente com os colegas todas as suas tarefas. Então receber um elogio de um superior de que seu trabalho foi comprovadamente eficiente. Isto é o que espera qualquer trabalhador em sua profissão, porém muitas vezes o assédio moral no serviço impede esta realização satisfatória.
O bloqueio segundo a Organização Internacional de Trabalho (OIT) é caracterizado por atos agressivos que visam especialmente a desmoralização e a desestabilização emocional. O assédio moral se caracteriza pela exposição dos trabalhadores a situações já descritas acima durante a jornada.
No Brasil, existe o Projeto de Lei Federal nº 2369/2003, criado pelo deputado federal Mauro Guimarães Passos, que dispõe sobre o assedio moral nas relações de trabalho. Mesmo existindo este projeto em tramitação no país, a OIT aponta que cerca de 30% da população economicamente ativa sofre ou já sofreu assédio moral.
“O assédio ocorre geralmente com pessoas de baixa moral, geralmente na faixa etária entre 30 e 35 anos. Ocorre muito por esses profissionais serem graduados ou por não terem a experiência desejada pelo empregador. É geralmente identificado em empresas privadas. No caso de órgãos públicos, isso é mais difícil de acontecer. Vale lembrar que problemas familiares podem gerar dificuldades e levar ao assédio do contratado”, diz o advogado Lázaro Pontes.
Quanto a conduta dos chefes que pratica assédio moral, o advogado diz que na maioria das vezes existe certa repugnância por parte deles com relação ao empregado. “Na maioria das vezes, o superior nem percebe o empregado, não cumprimenta, não olha, não discute ideias com este profissional, ou seja, de forma alguma ele se dirige à pessoa, o que é péssimo para o trabalhador, pois ele se sente humilhado e desmotivado para o seu serviço”.
Qualquer profissional está sujeito a este tipo de situação, por isso e preciso ficar atento ao que acontece no ambiente de trabalho. Nas empresas de telemarketing, “o assédio moral é mais comum em empresas que estipulam metas. O problema não é o alvo, mas a sua exposição caso não feche bem o mês, como, por exemplo, ter que se vestir de mico ou outro bicho sugerido pela empresa”, ressalta Lázaro.
O advogado afirma, repetindo o que já foi dito antes, que este sofrimento pode acarretar problemas psicológicos sérios aos funcionários. “Além da exposição a esta situação, danos pesados podem ocorrer. A maior consequência é a depressão, o que acaba com o profissional, desestabiliza sua vida, sem falar na baixa autoestima”, salienta.
O estudante de administração Rodrigo Dias já passou por isso “Foi a pior experiência de minha vida. Por diversas vezes fui xingado na frente de clientes e de certa forma humilhado. Por não bater a meta estipulada, tive que lavar a loja durante um mês, sendo que essa tarefa era dividida entre funcionários. No decorrer de uns dois anos, eu fiquei desmotivado a voltar para o comércio, até que vi que não adiantaria ficar parado. Então investi nos estudos”, conta o estudante.
Para reverter estas situações de humilhações, o advogado trabalhista Lázaro Pontes cita as medidas a serem tomadas pelo trabalhador e aponta quais são as falhas das empresas nestes casos.
“Em primeiro lugar, o trabalhado deve mover uma ação na Justiça do Trabalho. Lá ele vai relatar o que aconteceu. Se tiver alguma prova cabível, como gravação ou testemunha, deve apresentar imediatamente. No caso das empresas, para evitar este tipo de situação, elas devem ficar de olho em suas equipes e também ter mais atenção aos funcionários, ajudar e incentivar. Tudo isto pode evitar constrangimentos e discussões entre a as partes, o que gera um progresso do profissional e da empresa”. Conclui o Advogado. Conheça o site www.assediomoral.org